1º Encontro de Parlamentares LGBTI+ de São Paulo
No Dia do Orgulho LGBTI+, a Alesp sediou o 1º Encontro de Parlamentares LGBTI+ de SP, reunindo lideranças para debater políticas públicas, combater a violência política e fortalecer a atuação da comunidade no cenário institucional.
30 jun 2025, 14:42 Tempo de leitura: 3 minutos, 12 segundos
Publicado anteriormente em: Alesp
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo recebeu, no último sábado (28) – Dia Internacional do Orgulho LGBTI+ -, o primeiro encontro de parlamentares LGBTI+ do estado. Idealizada pelo deputado Guilherme Cortez (Psol), a reunião proporcionou debates sobre a criação de futuros projetos de lei e iniciativas para proteger e garantir mais direitos para a comunidade.
“Esse encontro surgiu de várias demandas que recebo de vereadores paulistas que, muitas vezes, são os únicos a defender nossa bandeira em suas respectivas cidades. Sem amparo, sem apoio, sofrendo com preconceito e violência política, esses parlamentares exemplares acabam sendo isolados”, comentou Cortez.
“Então, a ideia aqui é se unir, se organizar e se fortalecer para que todos possam voltar para seus municípios sabendo que não estão sozinhos, que têm uma rede de apoio forte na Assembleia e uma Frente Parlamentar preparada para apoiá-los sempre. Se os preconceituosos pensam que vão nos fazer retroceder e quebrar nossa atuação política, estão muito enganados. Nós viemos para ficar”, completou o deputado.
Crescimento
Seguindo a visão do parlamentar, o diretor executivo do projeto VoteLGBT, Gui Mohallem, destacou, em sua participação no evento, a evolução que a causa obteve na política nos últimos dez anos. “Quando começamos nosso trabalho, em 2014, dava para contar nos dedos os parlamentares LGBT declarados. Hoje, ainda bem, o panorama mudou. Em 2024, tivemos mais de 3000 candidaturas declaradas ao TSE. Todos esses, incluídos os que estão aqui no evento, são nossos herois e heroínas. Sabemos que é um desafio e que é solitário ser um parlamentar LGBT, por isso mesmo vamos trabalhar juntos para transformar esse papel em algo cada vez mais corriqueiro e eficiente”, reforçou.
Já a presidente da Associação Brasileira de Mulheres Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Intersexo, Luanda Pires, ressaltou a necessidade de mais articulação e união entre os membros LGBTs da classe política. “Não estamos falando apenas de resistência aqui, mas de uma construção política estratégica. A articulação LGBT precisa ser coletiva, ouvir a sociedade civil e chegar nos parlamentares. Por isso, estar num espaço importante como a Assembleia é uma demonstração muito forte da nossa capacidade e do crescimento da comunidade”, afirmou ela.
Conquistas
Trazendo uma perspectiva internacional da comunidade, o professor de História e militante da causa LGBT, James Green, comparou a situação atual da causa no Brasil e nos Estados Unidos, seu país de origem. “A realidade social da comunidade LGBT pode parecer mais evoluída nos Estados Unidos, mas, na verdade, o cenário é muito parecido com o brasileiro. Em ambos os países, reunimos muitas conquistas incomensuráveis nos últimos 80 anos e conseguimos transformar o reconhecimento e aceitação da nossa existência em melhorias reais de vida. No entanto, temos que continuar resistindo e nos mobilizando, caso contrário, tudo pode desmoronar pela vontade da maioria que, infelizmente, ainda detêm o poder”, alertou.
Em seguida, o professor de Relações Internacionais e coordenador do Núcleo TransUnifesp, Renan Quinalha, também contribuiu com o debate. Segundo ele, o momento instável da geopolítica internacional não deve desmotivar os militantes LGBT no país. “Não quero vender ilusões, vivemos, sim, um momento crítico, mas nunca estivemos tão fortes e unidos. Mesmo com uma carga enorme de violência e estigmas, conseguimos afirmar nossas identidades e fazer um movimento político mesmo com tantas singularidades. Isso deve ser lembrado sempre, entendendo que vamos continuar fortes”, concluiu.
Assista ao evento, na íntegra, na transmissão feita pela Rede Alesp: