Na última quinta-feira (16), o deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL-SP) entrou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) pedindo que o órgão investigue a incineração de remédios de alto custo, para pacientes com doenças raras, feito durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
“Está cada vez mais evidente que o governo Bolsonaro provocou o maior desmonte da saúde pública de que temos notícia. Denunciamos o descaso do governo durante a pandemia, que negligenciou com a compra da vacina. Agora, vem à tona o genocídio promovido contra o povo Yanomami e essa nova denúncia, de que o governo queimou remédios para doenças raras, HIV e câncer. Pode diretamente ter contribuído com a morte de mais brasileiros”, afirmou Cortez, que classificou a conduta do ex-presidente “um crime contra a saúde pública e contra a humanidade.”
Na representação, Cortez alerta o MPF que o descarte dos medicamentos “configura ato de improbidade administrativa, ilegal e contrário aos princípios básicos da administração pública.”
O descarte dos medicamentos foi revelado pelo jornal Folha de São Paulo, que conseguiu as informações via Lei de Acesso à Informação (LAI). A relação mostra remédios que foram incinerados pelo governo Bolsonaro desde 2019. Ao todo, R$ 2 bilhões em medicamentos podem ter sido dispensados.
Na relação de itens incinerados estão duas doses do Spinraza, medicamento utilizado por pacientes com Atrofia Muscular Espinhal. Cara dose custou R$ 160 mil aos cofres públicos. Além disso, foram perdidos R$ 8,5 milhões em medicamentos destinados a pessoas com HIV.